quinta-feira, 9 de junho de 2011

Epigenética e a diabetes

Oi gente!

Vocês sabem o que é epigenética?

Epigenética é o estudo do modo pelo qual o meio externo influencia na atividade genética e é, inclusive, alvo de muitas pesquisas científicas da atualidade. Estudos mostram que o meio pode influenciar no comportamento genético de uma pessoa e, posteriormente, de seus descendentes.

Já foi comprovado, inclusive, que o comportamento dos pais durante a vida, de alguma forma, pode gerar tendência a doenças nos filhos, mostrando que o meio pode alterar a forma de se expressar do genoma. Por exemplo, mães que presenciaram o terrível 11 de setembro estão gerando filhos mais estressados, e filhos de pais fumantes têm uma maior chance de desenvolver obesidade.

Assim, você pode perceber que epigenética é um tema muito interessante e vale a pena ser estudado. Mas, aqui, vamos relacioná-la com a diabetes mellitus tipo 2.

Epigenética e diabetes

Sabemos que todas as células do nosso organismo possuem o mesmo código genético. Mas como que as células beta do pâncreas exercem uma função e as células da retina exercem outra completamente distinta?

Diante disso, é fácil inferir a existência de um mecanismo regulador independente do DNA, que diz, por exemplo, às células betas do pâncreas para produzirem insulina e as da retina não. As células alcançam a sua necessária diferenciação quando um processo epigenético ativa ou desativa os genes, ainda no útero.

Recentemente existe o conhecimento de que este mesmo processo pode explicar também, diferentes susceptibilidades a doenças que a genética tradicional não pode. Dentre os diversos mecanismos propostos, o mais estudado é o da metilação do DNA, uma simples ligação de um carbono ligado a três átomos de hidrogênio a uma região específica do gene.

Um dos experimentos feitos para comprovar esse mecanismo foi o seguinte. Camundongos regulados pelo gene AGOUTI (que não apenas confere uma pelagem amarela a eles, como também os torna mais propensos a doenças como obesidade, diabetes e câncer) foram escolhidos.

Com isso, o experimento foi feito separando dois grupos de fêmeas idênticas e grávidas que foram alimentadas com rações distintas: uma normal e outra suplementada por “doadores” de grupos metil, como ácido fólico e vitamina B12.

No fim do estudo, verificaram que estes grupos metil se ligavam a marcadores epigenéticos sobre o gene AGOUTI, no útero, silenciando sua expressão, ou seja, desligando o gene. Assim, sem causar alguma alteração no DNA, por meio apenas da suplementação de vitaminas do complexo B, os pesquisadores conseguiram que fêmeas AGOUTI produzissem gerações de filhotes de pelagem castanha, sem predisposição a obesidade, diabetes e câncer.

Assim como nos ratinhos, os eventos que ocorrem em nossa vida podem, portanto, evitar a doença ou aumentar as chances de manifestá-la. Como epigenética é uma área pouco desbravada e muito nova, muitas coisas ainda não estão claras. Mas pesquisas já mostram alguns eventos que podem afetar a manifestação da diabetes mellitus tipo 2. A seguir, trechos de um estudo realizado na Universidade do Porto (Portugal):

"Os estudos revelam que o fenótipo "baixo peso ao nascer", seguido de catch-up growth pós-natal, é aquele que está associado ao maior risco de desenvolvimento de diabetes na idade adulta. Este fenótipo determina uma maior resistência à insulina e menor capacidade de secreção compensatória pelo pâncreas, conduzindo ao desenvolvimento de diabetes.

Muitos têm sido os esforços na tentativa de encontrar os mecanismos etiopatogénicos envolvidos, que possam constituir possíveis alvos de atuação no nível de prevenção primária. Atualmente, a atenção está voltada para os mecanismos celulares (stress oxidativo e disfunção mitocondrial) e moleculares (alterações epigenéticas).

A eficácia da suplementação de antioxidantes durante a gestação para a prevenção de stress oxidativo é alvo de investigação, sendo necessários estudos futuros de follow-up da respectiva descendência para testar esta hipótese. Num futuro próximo, é possível que as modificações epigenéticas possam ser utilizadas como biomarcadores de doença e como alvos terapêuticos."

A evidência apresentada permite concluir que investir no planeamento familiar e na vigilância da gestação promove não só um bom desenvolvimento fetal e o nascimento de um bebê saudável, como também uma futura vida adulta saudável. Será que estamos no caminho pra cura da diabetes, ou pelo menos, uma drástica redução de pessoas afetadas por ela?

Quem quiser conferir o estudo, ai está o link: http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/53395/2/Tese%20Mestrado%20%20Rosa%20Maria%20Arajo%20Martins.pdf

E mais um link, com um vídeo bem esclarecedor sobre Epigenética:

http://www.youtube.com/watch?v=V1lwe0JUMwk

Espero que tenham gostado das novas informações! Até a próxima! :)

Referências:

http://nutricionpersonalizada.wordpress.com/2011/04/26/epigenetica_diabetes_mellitus_tipo_2

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