domingo, 10 de julho de 2011

Complicações: Neuropatia Diabética

Olá pessoal! Como vocês devem ter observado no título da postagem, vou falar sobre a neuropatia diabética.

A neuropatia diabética é o conjunto de situações geradas pela hiperglicemia que acabam culminando em lesões nos nervos. Essas lesões acabam afetando os sistemas nervosos somático, simpático e parassimpático de modo que as complicações clínicas expressas são muito variadas.
As lesões aos nervos podem ocorrer a partir da isquemia deles devido à oclusão dos capilares sanguíneos e também da redução da eficiência do transporte de oxigênio pelos mesmos (a maneira de como isso acontece está explicada no post de retinopatia diabética). Outra maneira pela qual podem ocorrer essas lesões é pela ação dos produtos finais de glicosilação avançada que são os AGE (já detalhados em postagens anteriores). O que acontece? Ocorre a glicação da famosa substancia lipídica que envolve os axônios e é responsável pela condução saltatória dos impulsos nervosos. A mielina glicada é suscetível à fagocitose por macrófagos e isso acaba contribuindo para a desmielinização do nervo. Além disso, os AGE podem ligar-se a proteínas plasmáticas como IgG e IgM, que são imunoglobulinas, estimulando reações imunes que favorecerão a desmielinização e até destruição dos neurônios.
Como foi dito, os quadros clínicos dependem dos nervos afetados. Caso os nervos estejam relacionados com o sistema nervoso autônomo, complicações cardiovasculares podem surgir por isquemia indolor que é o bloqueio dos sinais de dor mesmo em casos de falta de oxigenação do tecido cardíaco, desse modo, não há percepção dos problemas vasculares até um estado avançados deles. A neuropatia autonômica também pode causar distúrbios gastrointestinais como diarréia e a lenta saída da comida do intestino, essa última podendo ser muito perigosa para diabéticos que tomam insulina após refeições, pois acaba gerando um quadro de hipoglicemia já que os nutrientes da comida não estão sendo absorvidos. Se o esôfago tem sua inervação danificada, os acometidos podem apresentar dificuldade de engolir. Lesões no nervo óptico podem levar à famosa “cegueira noturna” porque não haverá a dilatação necessária da pupila para que mais luz entre no globo ocular. Podem ocorrer também a anidrose dos pés e a hiperhidrose gustativa que faz os pacientes suarem ao comer ou beber.
Também é comum que os diabéticos desenvolvam a neuropatia periférica que é a lesão dos nervos da perna e resulta em sintomas como paralisia dos membros, sensação de formigamento, dor, ausência de dor, insensibilidade térmica, perda dos reflexos, falta de coordenação e fraqueza.
A neuropatia diabética acaba sendo a principal razão de alguns pacientes diabéticos desenvolverem o pé diabético. Isso acontece porque os pacientes perdem a sensibilidade dos pés e não tomam cuidado com as feridas que são adquiridas. Aliada à perda de sensibilidade encontra-se a dificuldade de cicatrização que decorre da interação AGE-RAGE que estimula a liberação de moléculas pro-inflamatórias como o TNF beta e moléculas destruidoras de matriz que são as MMP (metaloproteinases) e, desse modo, limitam o fechamento da ferida. Por isso, os diabéticos são instruídos a não andarem descalços e utilizarem sapatos adequados para evitar injurias aos pés e, dessa forma, evitarem da evolução de um quadro que exija amputação

Essa foi minha última contribuição para o blog de diabetes do primeiro semestre de 2011. Muito obrigado pela atenção, espero que as pessoas que acompanharam o blog tenham gostado do trabalho tanto quanto eu e deixo para vocês o seguinte pensamento:
“A utopia está no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, nunca a alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para caminhar.” Eduardo Galeano




Referências:

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